Educação Ambiental DENTRO das escolas
Desde a época da criação do termo e da primeira roupagem de suas práticas, as escolas buscam tentar entender como introduzir um bom trabalho de Educação Ambiental em seus processos pedagógicos. Mas isso não é tão fácil assim. Afinal… Como fugir ao que apenas é modismo, superficial e comercial? Como realizar um trabalho sério na direção dos verdadeiros e importantes objetivos da Educação Ambiental dentro das Escolas? E como, de um ponto de vista comercial inescapável dentro de nossa sociedade, traduzir isso em imagem institucional?
A IMPORTÂNCIA
A importância da Educação Ambiental é diretamente proporcional ao momento que vivemos. Apesar de discursos de negação, é fato que há uma crise ambiental instaurada pelo modelo de desenvolvimento praticado por nossa ótica civilizatória. Então, podemos compreender que, Educação Ambiental é, na prática, justamente uma forma pedagógica de questionar e transformar percepções e parâmetros para que estes se tornem sustentáveis do ponto de vista social, ambiental e ético.
Portanto, o objetivo maior da Educação Ambiental é transformar a sociedade para que ela não impacte o meio ao seu redor de maneira grave e até irreversível.
Outra coisa muito importante de mencionar é que a Educação Ambiental (e a Educação de maneira geral) deve respeitar e se adequar ao público-alvo ao qual é direcionado. No caso das crianças, por exemplo, é fundamental a desconstrução de alguns modelos engessados. Falamos sobre isso nos artigos sobre “desenhos de árvores” e o “problema de falar dos problemas”. Devemos sempre levar em conta que crianças são crianças.
ERROS E ACERTOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL DENTRO DAS ESCOLAS.
Saber disso é importante para não incorrermos no erro de acreditar que apenas falar para crianças sobre a importância de não jogar lixo no mar ou reciclar tudo seja realmente Educação Ambiental propriamente dita. Na verdade, dependendo da maneira que isso é exposto, podemos estar fazendo o trabalho contrário. É que apenas falar sobre os assuntos, além de ser algo conceitualmente distante dos pequenos, não costuma gerar desdobramentos realmente práticos no cotidiano delas. Claro que algumas atividades e ações podem ser auferidas, mas tenderão a ser pontuais ou simplesmente automáticas. É preciso mais. É mais importante criar laços do que dar informações. Então, este conhecimento deve ser inserido dentro de um processo e contexto que:
APROXIME A COMPREENSÃO
Ou seja, é necessário simplificar elementos e discurso. Quanto mais tenra a idade dos educandos, mais simples deve ser a forma de transmiti-los. Informações científicas podem ser trabalhada, mas devem ser traduzidas a uma forma mais simplória.
O IMPORTANTE É A ESSÊNCIA DA MENSAGEM
Dentro de todas as informações e conceitos há uma essência, que é o cerne do que é realmente importante ser trabalhado. É fundamental nunca perder de vista este objetivo mais profundo. Pergunte-se quais são as características e sentimentos necessários para se fundamentar ideias e atitudes que se correlacionem aos objetivos. É possível encontrar brincadeiras, exercícios e atividades que possam ser correlacionados com praticamente todo tipo de informação.
CONTEXTUALIZE OS CONCEITOS
É importante que a criança possa encaixar as informações que lhe são transmitidas dentro de sua vivência, de seu cotidiano. Há exemplos menores que se relacionam com a macro realidade dos grandes impactos ambientais. Buscar estas “traduções” perfaz o bom trabalho da Educação Ambiental. A criança precisa “enxergar” o que está sendo passado para ela, mesmo que seja novo.
ENCANTAR É MAIS DO QUE INFORMAR
As informações são fugidias. Os encantamentos são levados pela vida afora. Uma situação mágica ou uma história inventada para fazer as crianças compreenderem certo conceito é mais interessante do que a simples explicação de como este ocorre. É fundamental que o educador crie o ambiente lúdico e agradável que tornará a experiência do aprendizado mais rica e valiosa.
CRIANÇAS REALMENTE PROPÕE E REALIZAM COISAS
É bem mais comum do que deveria ser a atitude de subestimar os pequenos. E também é fácil cair na tentação de aprontar tudo, para “ter menos trabalho” (afinal, a carga que é posta nas costas de nossos educadores é bem maior do que deveria). Mas, na preposição de que Educação Ambiental é ajudar eles a compreenderem que são capazes de realizar coisas, é necessário estar realmente atento à suas capacidades. O bom Educador Ambiental abre espaço para a criança expor e realizar suas ideias.
COOPERAÇÃO
Nossa sociedade é muito competitiva e isso é transmitido intuitivamente para nossos processos pedagógicos. Saber competir é importante, mas o empreendedorismo que devemos buscar para a construção de parâmetros que tragam sustentabilidade para nossos arranjos sociais é o colaborativo. Aquele em que não é necessário ser melhor do que os outros para vencer, mas que necessita da contribuição de todos para alcançar verdadeiro êxito.
PARTICIPAÇÃO DOS PAIS
O melhor processo de trabalho será aquele que conseguir congregar, além das crianças, os responsáveis da forma mais engajada e participativa que for possível. Neste caso, o trabalho, realizado para atingir principalmente as crianças ganha a adesão do ambiente familiar e, como bônus, ainda conseguimos educar os próprios pais dos pequenos.
DIVERSIDADE E TOLERÂNCIA – HORIZONTALIDADE
O preconceito é uma maneira de achar que se sabe aquilo do qual não se tem conhecimento. Todo preconceito tem como raiz as diferenças e a percepção equivocada de que estas criam naturalmente uma hierarquia. Um trabalho de Educação Ambiental tem de estar atento à valorização do diferente e à construção de uma noção de que a diversidade não existe para separar, mas para tornar os seres complementares – sendo este o princípio ativo de todos os ecossistemas, inclusive da sociedade humana.
E COMO PODEMOS FAZER TODAS ESTAS COISAS DENTRO DAS ESCOLAS?
Parece muita coisa. E talvez até seja. Mas, na verdade, é quase como uma chave que muda. O educador transmitirá sempre o que ele é. Para mudar a sociedade é preciso que mudemos a nós mesmos. E, sobre isto, corro o risco de parecer negativo, mas a simples vontade de pegar estes conceitos e trabalha-los não obterá êxito se o educador não compreender e acreditar no que está fazendo. As armadilhas conceituais forjam toda a base estrutural de nossa sociedade. Portanto, é fácil escorregar em respostas prontas e dinâmicas viciadas que não se traduzem na verdadeira e profunda Educação Ambiental.
Apesar disso, qualquer mudança ou atitude é sempre bem-vinda. Veja algumas ações que podem contribuir na mudança necessária para concretizar um trabalho eficaz de Educação Ambiental dentro das Escolas.
EXEMPLO
Já disse, ali acima, que você transmite para os outros apenas o que é. Diante disso, é claro que você precisa ser exemplo para todos que trabalham na escola. Faça o que eu digo e faça o que eu faço. Se você tiver um papel de “comando”, a importância desta postura exemplar obviamente se amplifica. Seja a mudança que você pretende nos outros.
AMBIENTE
Os educadores e demais funcionários da escola tem lugares agradáveis para ficar enquanto não estão em suas funções? Eles comem na escola? O banheiro que utilizam está limpo? Um dos erros cometidos por escolas é voltar toda sua estrutura exclusivamente para as crianças. É importante que o corpo docente se sinta acolhido. Não adiantará falarmos sobre a importância de cuidar do meio ambiente se o ambiente que as pessoas experimentam não for minimamente agradável.
REUNIÕES E CONVERSAS INFORMAIS
Reúna e fale com as pessoas que trabalham contigo. Porém não apenas para dar diretrizes e comandos, mas para ouvi-las. Dar voz as pessoas contribuirá para nortear as mudanças necessárias no ambiente para torna-lo mais adequado a todos. Também se prestará a faze-las sentir-se verdadeiramente parte de todos os processos da escola. A apropriação é fator fundamental para a consciência de pertencimento e ação propositiva no ambiente em que se vive.
FAÇA PERGUNTAS
Temos comportamentos repetitivos que reproduzem ações diretamente relacionadas ao modelo de sociedade em que vivemos. É importante olhar para a estrutura ao seu redor e questionar a necessidade de atitudes e estruturas. A mudança não está apenas no que é mais fácil de enxergar.
COMUNICAÇÃO COM RESPONSÁVEIS
Não é errado querer aproveitar o que é positivo e inspirador como forma de mostrar aos pais o que é a escola. Mas, assim como você serve de exemplo para quem te tem como referência, também é importante que a intenção seja anterior a promoção. Quem tenta utilizar o selo de sustentabilidade apenas como marketing e não a abraça nem acredita nela, corre o risco de deixar todo o trabalho na superficialidade. E muitos perceberão isso. Se, ao contrário, a imagem for real, as pessoas se tornarão defensoras das ideias representadas.
CONSULTORIA
O último conselho, inevitavelmente, parecerá propaganda. Mas, como acredito no que fazemos enquanto Projeto, posso correr o risco, pois também é verdade.
O Projeto Teçaya oferece consultoria para Instituições Pedagógicas e treinamento em arte-educação ambiental para todo o corpo de funcionários desta. Neste serviço, fazemos um diagnóstico estrutural, social e ambiental da escola e realizamos oficinas lúdicas com a equipe. Receber ajuda de fora é sempre muito bom. Principalmente se esta ajuda vier de quem pensa quase que exclusivamente neste tipo de coisas. Se quiser saber mais sobre isso, basta entrar em contato conosco.
Mas você também pode, claro, arregaçar as mangas e fazer as coisas por si só, ou junto ao seu grupo de trabalho. O maior conselho que posso dar é: Faça! A mudança que você é capaz de fazer, mesmo que pedindo auxílio para tal, ninguém mais pode fazer. O que você pode fazer, ninguém mais fará. E isso é precioso.
TODA TRANSFORMAÇÃO REAL SÓ CUMPRE UM SENTIDO: DE DENTRO PARA FORA. A SUSTENTABILIDADE DA SOCIEDADE DEVE SE INICIAR EM NÓS. SEJAMOS SUSTENTÁVEIS