UM ANO MELHOR
Dois mil e dezenove foi um ano de muitas crises ambientais. É fato. Houve também um perigoso respaldo institucional em ações e discursos que relativizaram acontecimentos e consequências. E eis que passa o ano novo. Então, bilhões de vozes em coro, espalhadas pelo mundo, pedem, desejam… …um ano melhor, uma vida melhor, caminhos melhores. O fato é que os dias recomeçam e, em geral, poucas coisas mudam. Se, em teoria, todos desejariam viver em um mundo onde imperasse mais respeito, segurança, lazer, saúde, etc., etc… Porque dá a nítida impressão que os mesmos erros são cometidos e estamos fadados a viver em condições medíocres de qualidade de vida?
A boa notícia é que a mudança que almejamos no mundo pode não ser atingível a curto ou médio prazo, mas a transformação pessoal é plenamente alcançável. E todos devemos ser a mudança que desejamos para o mundo, o que significa que só podemos traduzir para outros o que for verdade para nós. Portanto, nos transformar é sempre o primeiro passo para mudar realmente o mundo para melhor.
Teçaya tenta apontar, neste artigo, alguns caminhos para, quem sabe, do ponto de vista ecológico, social e ético, finalmente, conquistemos o direito de viver “um ano melhor”, dentro e fora de nós. Em poucas palavras: Faça a sua parte.
CONSUMO CONSCIENTE
Os maiores impactos ecológicos são causados pelo consumo da sociedade. Mais precisamente pelo custo proporcionado pelo caminho que os produtos fazem até chegar aos consumidores. O mecanismo é simples. Quem gera este impacto são grandes empresas e quem o propicia é quem consome os produtos e serviços gerados. Portanto, uma das melhores maneiras de inverter a lógica mercadológica e começar a inserir a preocupação e respeito ambiental antes da necessidade de consumo ou luxo, é através da consciência do consumidor.
As empresas não são iguais. Há aquelas que respeitam mais e menos o meio. Pagar um preço um pouco maior (de início) por um produto que impacte menos o ambiente é uma atitude que, em larga escala, pressiona donos e empresários a incluírem de fato a preocupação ecológica em suas cartilhas. Atenção, no entanto, ao fazer as escolhas. Hoje temos muito acesso às informações. Porém, a procedência de algumas pode estar adulterada ou disfarçada por interesses que não correspondem a nossas intenções.
HÁBITOS ECOLÓGICOS
Cultivar hábitos ecológicos e responsáveis é muito importante para nossa mudança pessoal. Inserir a percepção de que tudo que fazemos está, de alguma maneira, conectado com a trama geral é a única maneira de deixarmos de ser observadores e passarmos a ser agentes da mudança que almejamos.
Portanto, diminuir o tempo do banho, fechar as torneiras, apagar as luzes, separar seu lixo, são atitudes que irão contribuir para moldar seu pensamento e lhe trazer a satisfação de estar fazendo o melhor que pode.
PARTE E NÃO “À PARTE”
O ser humano, dentro da lógica ecológica e da vida, é um animal. Não existe um “Reino Hominídeo”. Ponto final. Somos animais, vertebrados, mamíferos, primatas. Isso significa que fazemos parte dos sistemas que existem. Não somos donos e nem tampouco estamos desenquadrados de quaisquer ecossistemas. Qualquer noção hierárquica que justifique manipulações indevidas do meio ou atitudes desrespeitosas para com outros seres é construída por nós mesmos.
É importante sempre pensar que o todo é maior que as partes, ou mesmo maior que a soma destas. Isso implica na necessidade de compreender que tudo que fazemos cria um impacto que reverbera no conjunto de tudo. E, que se quisermos muito mais do que realmente precisamos, vai faltar algo para outro alguém. A consciência ecológica de pertencimento é fundamental para tornarmos a sociedade mundial mais equilibrada e viável.
CULTIVE SUA FALA E SUAS OPINIÕES
Haja com os outros como gostariam que agissem contigo. Mantenha, o máximo possível, uma fala tranquila e evite comentários depreciativos ou destrutivos. Tudo que falamos afeta as pessoas ao nosso redor. Podemos ser construtores de caminhos positivos e mudanças reais apenas cuidando daquilo que dizemos e como dizemos.
Atenção especial com a internet e redes sociais. Elas estão gravemente contaminadas por todo tipo de opinião. Muitas das coisas escritas na rede não possuem filtros nem no que diz respeito ao cuidado necessário ao lidar com outros nem na procedência real das informações. Tente ser conciliador, não discutir nem agredir e não repasse mentiras virtuais.
FREQUENTE AMBIENTES NATURAIS
O ser humano não foi feito para viver isolado dos outros seres. Como animal que é, inserido dentro de vários ecossistemas, ele necessita de estímulos sensoriais naturais, precisa perceber a presença de outros seres, precisa ser preenchido pela beleza que apenas cachoeiras, montanhas, praias e florestas proporcionam.
Neste novo ciclo que se inicia, inclua passeios ou caminhadas em parques ou ambientes com atrativos naturais. Permita que estes locais alimentem você com coisas que outros locais não propiciarão.
EXERCITE O PERDÃO
Passamos por um ano particularmente difícil. Muitas pessoas romperam relações umas com as outras, nas redes e nas vidas pessoais. As discussões se multiplicaram, os ânimos se acirraram e ficaram muitas cicatrizes. A cura dos outros e de nós mesmos passa pelo processo do perdão.
Perdoar não significa aceitar a verdade de outra pessoa, mas compreender sua fragilidade, sua busca. Desvendar sua incrível trama de matizes e notar que todos são diversos e só conseguem crescer com a contribuição dos outros. Abrir o coração para o perdão é entender que só podemos transformar a sociedade permitindo a troca entre nós e dar, verdadeiramente, seu melhor para o mundo ao seu redor.
DEIXE SEU COPO VAZIO E ENXERGUE O COPO CHEIO
Numa das parábolas do copo vazio ou cheio, percebemos a importância de estar sempre aberto ao conhecimento que nos preenche e ilumina. Se as águas da vida encontram um copo que já está cheio, elas irão escorrer para fora. Ou seja, a pessoa não permitirá que nada do que ouve ou vê entre e lhe construa novos caminhos. Os mais sábios, que teoricamente teriam seus copos “cheios”, sabem também que nada sabem, e permitem que seu copo tenha sempre espaço. Afinal, na escola da vida seremos sempre mais alunos do que professores.
Na outra parábola do copo vazio ou cheio, encontramos nossa maneira de enxergar as coisas. As pessoas observam a mesma coisa com percepções absolutamente distintas. Cada um de seu ponto de vista específico. Mas tudo na vida tem um lado bom. E até mesmo as dificuldades são repletas de ensinamentos. Devemos exercitar a observação do belo, da construtividade que há em tudo. O otimismo, o exercício da empatia, a capacidade de enxergar a beleza real são ingredientes de pessoas com vidas melhores.
AME E VALORIZE O QUE É FEITO E DITO COM AMOR
O amor é a essência da mudança positiva de tudo que há ao nosso redor. Quem ama, cuida, constrói, perdoa e compreende. Mas é importante diferenciar conceitos e perceber de que amor estamos falando, pois, nas compreensões distintas, surgem as controvérsias. O amor verdadeiro não impõe condições para existir, não exige trocas. O amor verdadeiro é aquele que compreende o outro a partir de si mesmo e lhe dimensiona do mesmo tamanho em relevância, profundidade e possibilidades.
Da mesma maneira, desconfie de tudo que lê e ouve com o filtro deste amor. Pergunte-se: Isso é, intrinsecamente, bom? Não aceite nem retransmita o que souber que pode fazer mal ou depreciar alguém. Ame aos outros seres com o coração de quem sabe que partilham da existência com você e, acima de tudo, respeite o conjunto de tudo que coabitam contigo.
O MUNDO AO NOSSO REDOR NASCE DENTRO DE NÓS. É O FRUTO CONSTRUÍDO DE TUDO QUE ACREDITAMOS, FAZEMOS E SOMOS ENQUANTO INDIVÍDUOS E COMUNIDADE.