COMO E PORQUE CRIAR ESPAÇOS DE NATUREZA DENTRO DAS ESCOLAS

Estudos mais recentes tem salientado uma relação fundamental que deveria até ser mais óbvia em nossa percepção: a “Natureza” é muito importante para a nossa saúde. Para todos os tipos de saúde que nos perfazem. Mental, psicológica, física e, para quem acredita, espiritual. Os sons, as cores, os cheiros, as texturas, os sabores. Tudo que o ambiente natural traz aos nossos sentidos cria um vínculo profundo conosco. Uma ligação primeva, original, que a ciência hoje está buscando compreender mais completamente.

Ao desvendar, no entanto, a importância destas conexões, nos deveria causar estranheza perceber que a sociedade caminha na direção contrária destes contatos. Os espaços urbanos, onde vicejaria o desenvolvimento, vão excluindo plantas, animais e terrenos e criando um ambiente mais frio e controlado. E as escolas não escaparam deste processo. Muito pelo contrário, no desenrolar de sua história tornam-se particularmente herméticas e “desnaturalizadas”, sem “espaços de natureza” no sentido estrito da expressão.

AS ESCOLAS EXCLUÍRAM A NATUREZA? PORQUE?

Primeiro é preciso perceber que nas, escolas, a história ocorreu da mesma forma que na sociedade como um todo. Os ambientes começaram a se tornar cada vez mais controlados e seguros, pois era isso que se esperava destes espaços onde as crianças estariam sendo educadas. As salas fechadas vieram na esteira da concentração necessária ao processo de aprendizagem. A diminuição dos espaços com árvores e pedras se justificaram pela possibilidade de acidentes, pela segurança física que deveria ser transmitida pela instituição pedagógica aos pais. A terra no chão, acessível aos pés, e mesmo a grama, foram embora por conta da limpeza e “saúde”. Tudo pensado para tornar estes ambientes de aprendizagem mais seguros, limpos e organizados para as logísticas e funções as quais se propunham.

Hoje é mais comum conhecermos escolas cujos “espaços de natureza” são restritos a canteiros e jardins onde o contato das crianças é indireto ou inexiste. Mas, ao sabermos que o contato com a natureza é tão importante para a formação das crianças como um todo, percebemos que devemos dar alguns passos atrás. Afinal, como sociedade, devemos priorizar o bem estar e formação genuinamente saudável das pessoas. O que é necessário é educar os pais e responsáveis para a importância disso e… …(re)transformar o espaço das escolas para que incluam estes “espaços de natureza”.

Abaixo, separamos algumas dicas para as escolas que compreendem a importância de fazer este movimento.

7 DICAS PARA CRIAR OU RECRIAR “ESPAÇOS DE NATUREZA” NAS ESCOLAS

HORTA

Construir um espaço onde as crianças interajam com plantas destinadas à nossa alimentação ou usos medicinais não é complicado. Basta estudar a disponibilidade da luz solar, planejar a ocupação horizontal ou mesmo vertical do espaço e selecionar bem as plantas. É interessante que as crianças participem de todo o processo de construção e manutenção do espaço físico e vivo da Horta. E, claro, que ajudem a cuidar, colher e se alimentar das plantas. Dentro do Projeto Escola Viva, Teçaya oferece a construção e manutenção de uma horta pedagógica junto com as crianças;

PÁTIO DE AREIA

Um espaço destes não é caro nem difícil de fazer. Vinte centímetros de areia já seriam suficientes para o preenchimento de uma área mínima. Se não houverem quinas cimentadas melhor ainda. Espaços com curvas são mais orgânicos e agradáveis ao olhar. É necessário apenas manter a higiene do local, principalmente havendo gatos nas redondezas (neste caso, seria necessário fechar o local). Crianças pequenas podem usufruir bastante de um lugar desses, com muitas brincadeiras e o simples contato com a areia;

ÁRVORE

Se houver um espaço possível na escola para o plantio de uma árvore, é altamente recomendável. Ela deve ser acessível às crianças. Abraçar, comer frutas e até subir nela, com a observação de adultos, são experiências riquíssimas. Há árvores mais e menos adequadas para esta finalidade. Deve-se procurar espécies com galhos baixos e firmes e evitar aquelas com raízes demasiadamente compridas e grossas. De preferência, frutíferas;

FORMATOS ORGÂNICOS

Mesmo sendo feitos de materiais artificiais, os espaços podem fugir dos desenhos angulosos e quadrados, buscando, com alguma imaginação, uma arquitetura mais assimétrica e orgânica. Os ambientes naturais, aos quais pertencemos originalmente, são irregulares e cheios de curvas. Observar e estar em locais assim nos traz calma e um outro tipo de organização. Estas modificações podem ser realizadas aos poucos, com atenção para a harmonia visual do local;

BRINQUEDOS E FORMAS COM ELEMENTOS NATURAIS

Circuitos de troncos, pedras e terra, quando possíveis de serem instaurados no espaço físico das escolas, são extremamente bem vindos. Claro que tudo deve ser pensado, adequado e estruturado com bom senso;

RENOVAÇÃO E REPLANEJAMENTO DE ESPAÇOS JÁ EXISTENTES

Na escola já há um canteiro ou jardim onde o acesso das crianças não é permitido ou é dificultoso? Neste caso, o caminho torna-se mais fácil do que a das outras opções citadas, pois ao invés de criar um ambiente novo, é só remodelar o que já existe. Prestar atenção no planejamento e incluir atividades que permitam a interação com estes espaços também é parte desta revitalização;

ATIVIDADES PEDAGÓGICAS

Repensar atividades e mesmo brincadeiras também pode contribuir no contato das crianças com elementos naturais. Que tal uma plástica com folhas secas de árvores? Uma pintura com tintas de terra? Brincadeiras que estimulem os sentidos do tato e do olfato utilizando ervas aromáticas e temperos? Nossas ideias, nossas práticas são o principal ingrediente para ajudar a transformar o ambiente em que vivemos e que nos propomos a partilhar com os outros.

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