EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS – PROBLEMA COM PROBLEMAS
Educação Ambiental não é coisa apenas de “bichinhos” e “plantinhas”. Tampouco é ficar repetindo para as crianças que é importante reciclar e não se deve jogar lixo no chão. Também não é falar sobre aquecimento global e o perigo do mundo viver uma grande crise por causa disso.
Para saber como realizar educação ambiental nas escolas de uma forma eficaz, respeitosa e pedagogicamente correta, é necessário compreender o que realmente significa Educação Ambiental, o porquê de algumas ações e propostas estarem equivocadas e quais os melhores caminhos para seguir.
Estaremos nos debruçando um pouco sobre algumas das problemáticas que envolvem todas as etapas do processo de Educação Ambiental. Este artigo foca na palavra “problemas”.
CONCEITOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Esta é a primeira questão que deve ser enfrentada. Para se introduzir um trabalho concreto e eficaz de Educação Ambiental nas Escolas precisamos entender melhor o que de fato ela é. E, claro, por consequência, devemos também compreender o que não é.
Desde a Conferência de Tbilisi em 1977, onde foi estabelecida a primeira definição oficial de Educação Ambiental, os conceitos se transformaram para abarcar especificidades e outras questões. Hoje, dependendo da fonte onde buscamos, temos uma grande variedade de definições que tentam traçar seus fundamentos, objetivos e funcionamento.
Como estamos na era digital, vamos ver a definição da famosa (e, por vezes, controversa) Wikipédia: Educação Ambiental é um processo de educação responsável por formar indivíduos preocupados com os problemas ambientais e que busquem a conservação e preservação dos recursos naturais e a sustentabilidade, considerando a temática de forma holística, ou seja, abordando os seus aspectos econômicos, sociais, políticos, ecológicos e éticos.
PREOCUPADOS COM OS PROBLEMAS AMBIENTAIS
É justamente neste trecho que as palavras se contradizem com nossa percepção do que seria uma melhor Educação Ambiental.
Vejam. A história da Educação Ambiental está ligada diretamente à percepção de que existem problemas ambientais graves a serem enfrentados. O livro “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson, considerado uma das obras que inspirou e impulsionou o movimento ambientalista moderno, apontava para o perigo da utilização dos pesticidas e da poluição dos ambientes naturais. É muito importante notar que, diante de um desenvolvimento despreocupado e inconsequente, perceber os problemas é uma atitude legítima. A Educação Ambiental como a entendemos nasce destes incômodos, destes questionamentos. Torna-se a resposta pedagógica e institucional para problemas que devem ser enfrentados e resolvidos.
No futuro, além da resolução dos problemas, os conceitos de Educação Ambiental agregarão também a importância de evitar que estes ocorram. Uma evolução, sem dúvida. Mas, o berço da prática contemporânea ainda seria o problema, a crise, o erro. A sociedade, gerida por uma percepção desenvolvimentista equivocada tinha criado erros. Estes erros tinham de ser evitados e consertados para que pudéssemos “salvar” o planeta, seus recursos, e nós mesmos. A Educação Ambiental seria a ferramenta que consertaria os erros.
O FOCO
O que aconteceu é que, apesar de já haverem várias vozes falando sobre a importância de fazermos diferente, era necessário que o alerta partisse de dentro do cerne social. Foi a correlação mais estreita entre produção, meio ambiente, saúde e preservação que conseguiu atingir um discurso (e consciência?) oficial. Era necessária a percepção de que os recursos são finitos. Era necessário fazer a ligação direta entre doença e morte de pessoas com formas de produção. Era fundamental incutir na equação a noção de que o que estava em jogo era nossa própria existência.
E, como pudemos perceber na Wikipedia, esta é a percepção de Educação Ambiental que temos até hoje. Porém, brincando com as palavras, não existe problema em focar nos problemas?
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS
Acreditamos, obviamente, que os problemas devem ser enfrentados. Mas, para realizar Educação Ambiental, nas escolas, não consideramos que o foco devam ser os problemas.
O que causa as mudanças profundas não é o medo. De deixar de existir, de não respirar, de morrer de câncer. Claro que estas preocupações podem e devem gerar ideias e ações. Mas também gerarão angústia. Além disso, focar exclusivamente nos problemas e em suas resoluções também, de certa forma, legitima sua existência.
Portanto, é mais provável que a verdadeira Educação Ambiental esteja embutida, não no erro, mas no acerto. E é exatamente isso. Acreditamos que o foco das práticas de Educação Ambiental nas escolas deva ser a empatia com a Natureza do mundo que nos cerca. O gostar, o compreender, o estar fascinado são o que gerarão o respeito, o cuidado e, consequentemente, as ideias e atitudes que se moverão na direção da transformação necessária que é o objetivo profundo da Educação Ambiental.
CRIANÇAS
Crianças serão alvos principais da Educação Ambiental, assim como de todo o processo pedagógico. Estão sendo apresentadas ao mundo, conhecendo as coisas. É óbvio que o mundo que herdam vêm recheado de problemáticas. Mas, o que devemos acreditar que gerará mudança mais profunda e verdadeira? Mostrar a nascente dos rios, faze-los experimentar a água, botar seus pezinhos e brincar com a água e explicar o maravilhoso processo que nos fornece água num ciclo que nunca termina. Ou mostrar imagens de rios poluídos, repetir incansavelmente, sem contextualizar, que a torneira deve ser fechada e dizer que, se não cuidarmos dos rios, vamos todos morrer de sede?
Crianças podem ser apresentadas a problemas. Mas, mais importante que isso, devem ser nutridas de esperança, empatia e encantamento pelo mundo que os cerca.
Se queremos um mundo melhor, devemos querer também pessoas melhores. Portanto, para realizar Educação Ambiental nas Escolas devemos ser mais guias e menos juízes. Devemos ser mais beleza e menos poluição e feiura. Devemos ser mais Natureza e menos erros da civilização.
PARA QUE SEJAM, DEVEMOS SER ANTES. PARA QUE UM DIA, TODOS SEJAMOS!!