O TEMPO COM NOSSOS FILHOS
Na sociedade moderna a impressão que temos é que o tempo é um bem precioso cada vez mais escasso. Em meio à pressão pela produtividade no trabalho, pela necessidade de gerir casa e relações, até mesmo a busca pelo prazer e lazer parecem gerar ansiedades. Como se, ao invés de momentos onde é propiciado o relaxamento e descanso, tivessem estes de ser vividos de forma intensa e compatível com a obrigação de compensarem o tempo dispendido nas “atividades obrigatórias”. Portanto, dentro desta lógica contemporânea, a pergunta maior que surge, relacionada à relação com nossos filhos, é: “Como tornar saudável a convivência com nossas crianças em meio a este turbulento cotidiano?”, ou ainda “Como arrumar tempo para nossas crianças?”.
Claro que não é uma questão fácil. Mas há meandros desta problemática que não são de difícil acesso e estão diretamente relacionados à qualidade de vida e de percepção do mundo à sua volta. Afinal, não é porque o mundo nos é dado, que devemos aceita-lo estritamente como está posto. Pequenos questionamentos são imprescindíveis para encontrar as brechas que tornarão nossa vida mais plena, sensata e… …feliz.
QUALIDADE DO TEMPO
Se faz necessário perceber que, para criar estes momentos precisamos libertar o tempo que passaremos com nossos filhos da culpa de sua falta. E é justamente a ansiedade e a busca por remediar o que não damos que pode gerar a falta de qualidade do tempo. Até parece contraditório, mas na verdade é óbvio e sintomático. Não é tão necessário leva-los ao “Super Parque de Diversões” ou ao “Mega-ultra passeio”, em que tudo tem que ser absolutamente perfeito. Na verdade, é possível encontrar no dia-a-dia experiências simples e caseiras. E estas vão surtir efeito até maior do que as “operações grandiosas”, além de serem mais baratas.
BRINCADEIRA
Basta, na verdade, doar parte de seu tempo, de forma completa e magnânima aos pequenos. Uma simples brincadeira, com sua participação é um dos segredos mais fáceis de se pensar. Contanto que você esteja inteiro e cúmplice, a brincadeira torna-se o bem mais precioso de todos. Por exemplo: uma caça ao tesouro dentro de casa. Isso pode ser muito mais marcante na memória do que todas as cinquenta idas ao brinquedão do shopping. E, certamente, se tornará um referencial muito mais digno de carinho e estabilidade emocional. E isso se aplica também ao bebê. As vezes temos a impressão de que não é tão importante, pois também não lembramos de acontecimentos tão antigos. Mas é exatamente o contrário.
Tudo isso aponta na direção da percepção de que a qualidade verdadeira do tempo que passamos com e pelos nossos filhos é mais importante que a quantidade de tempo livre que possuímos para isso. Ou seja, estar presente não é dividir o mesmo espaço. Da mesma forma, ser não está implícito em existir. As crianças sabem intuitivamente dessas coisas e, depois, são como que, treinadas para esquecer. Afinal, já fomos crianças e deveríamos lembrar de tudo isso.
TEMPO PERDIDO E ENCONTRADO
É preciso mudar a chave que nos é imputada, subliminarmente, de que dedicar tempo para os filhos é “tempo perdido” para outras coisas. Na verdade, é tempo encontrado, de encontros. Amor não é algo que se possa terceirizar. Ele é real e mágico, mas também é construído, cultivado e valorizado. O olhar também define o que se enxerga. Nossos filhos sempre vão precisar de nossa companhia, de nosso olhar, de nosso amor e… …de nosso tempo.